quarta-feira, 18 de junho de 2008


Carta do Direitos das Crianças a Brincar


1. As crianças têm direito a brincar todos os dias.
Na escola, entre as aulas e ao longo delas (sempre que o professor for capaz de pôr “brincar” a rimar com “aprender”). Em casa e ao ar livre – no quarto como num parque – sob o olhar discreto dos seus pais.
Brincar só ao fim-de-semana não é brincar: é pôr uma agenda no lugar do coração.


2. As crianças têm direito a defender a primazia do brincar sobre todas as tarefas. A fórmula “primeiro fazes os deveres e depois brincas”, tão do agrado dos pais, é proibida! Só depois do brincar vem o trabalho.

3. As crianças têm direito a unir brincar com aprender.
Brincar é o “aparelho digestivo” do pensamento. Liga o que se sente com aquilo que se aprende. Quem não brinca, não imita, falseia ou finge. Mas zanga-se, sem redenção, com o aprender!~

4. As crianças têm o direito a não saber brincar.
Brincar é uma sabedoria que nunca se detém: inventa-se, descobre-se, deslinda-se ou desvenda-se. Brincar é confiar: no desconhecido, no que se brinca e com quem se brinca. Crianças sossegadinhas são brinquedos à espera dos pais para brincar.

5. As crianças têm direito a descobrir que os melhores brinquedos são os pais.
Apesar disso, têm direito a requisitar tudo o que entendam para brincar. Têm direito a brincar com as almofadas, com caixas de cartão, com os dedos e com o que entendam, por mais que não sejam objectos convencionados para brincar. Tudo aquilo que não serve para brincar não presta para descobrir e com brinquedos de mais brinca-se de menos.

6. As crianças têm direito a desarrumar todos os brinquedos.
(e a arrumá-los, de seguida, com um toque...pessoal). Têm direito a desmanchar os que forem mais misteriosos, os mais rezingões ou, até, os divertidos. Quando brincam, têm direito a ter a vista na ponta dos dedos, a cheirar, a sentir, a falar, a rir ou a chorar.
Não há, por isso, brinquedos maus!A não ser aqueles que servem para afastar as pessoas com quem se pode brincar.

7. As crianças têm direito a brincar para sempre.
A infância nunca morre: apenas adormece.
E quem, crescimento fora, se desencontra do brincar, não perceberá, jamais, que não há crianças se não houver brincar.


Autoria: Eduardo Sá

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