sexta-feira, 27 de março de 2009



A linguagem não é importante apenas porque possibilita comunicação e inserção social, mas também porque faz parte da constituição de diferentes operações intelectuais e da memória. É na expressão pela linguagem que o pensamento se organiza e toma corpo, auxiliando a criança a identificar-se como pessoa. A linguagem oral faz do diálogo um lugar de desenvolvimento e aprendizagem.

Competência Lingüística Das Crianças

Desde muito pequenas, mesmo não falando com fluência, as crianças são capazes de utilizar a linguagem oral para diversos fins: pedir, solicitar determinadas ações ou objetos, expressar seus sentimentos, perguntar ou explorar o mundo à sua volta. Da mesma forma, mesmo antes de falar, elas podem entender o que os outros falam.

Esta competência lingüística abrange tanto a capacidade da criança para compreender a língua, quanto sua capacidade para usá-la como falante e ocorre antes que a criança possa expressar-se oralmente.

O desenvolvimento destas capacidades se dá na prática viva da língua, no diálogo, onde existe a oportunidade de aprender os usos e formas da fala , na situação em que as mesmas têm o que dizer e para quem dizer.

A competência, enquanto falante, implica promover atividades que criem situações de fala, escuta e compreensão da língua. Isto é possível através do uso de diferentes textos e situações enunciativas, ampliando, assim, a capacidade comunicativa da criança de forma significativa, preservando a naturalidade de conversar, falar e escutar.


As diferenças dialetais devem ser respeitadas, mas deve se ampliar o universo discursivo das crianças, oferecendo recursos para enfrentar as mais variadas situações comunicativas, incluindo aquelas em que não é esperada a reprodução de formas próprias de contextos particulares ou de sua comunidade.


No período de 0-3 anos, embora a predominância seja da escuta, a criança caminha para o aumento gradativo do uso do falar, pois, para fazer-se compreender e comunicar-se, terá de aprender a substituir as coisas pelas palavras correspondentes. Ao ouvir determinada palavra para designar determinado objeto, irá registrar e buscar atributos ou formas para significar esse objeto, que pode ser entendido como a sua forma, o seu material, a sua cor, o contexto em que a palavra foi dita etc.


Na interação com o mundo adulto, ela vai testando esse entendimento, vai modificando-o e estabelecendo novas associações na busca de seu significado. Vai construindo internamente, através de nomeações diversas, o fato de que determinado objeto denomina-se de determinada forma.


A fala das crianças pequenas, enquanto reconstrução interna, resignificação, é também criação. Criar palavras, ou cometer erros revela um movimento de compreensão das crianças.
De 3-6 anos, a fala irá predominar sobre os gestos, sons, berros, puxões, agressões e outros recursos comunicativos. A fala e a capacidade simbólica dotam a criança de mais recursos intelectuais, mas não permitem, ainda, a formulação de conceitos mais amplos, mais abstratos e gerais, características do pensamento adulto.


Suas falas são produto de um modo próprio de ver o mundo, e as idéias e teorias para compreender e explicar o mundo são sempre originais. À medida que crescem, são capazes de compreender e aceitar que um objeto pode ser ao mesmo tempo semelhante e diferente dos outros, que as palavras têm dois ou mais significados (cesta: de feira, de basquete/sexta: dia da semana).


O trabalho com a linguagem oral deve permitir a ampliação da competência lingüística , apropriando-se dos recursos expressivos disponíveis. Para que isto ocorra é necessário planejar situações de comunicação que exijam diferentes graus de formalidade, oferecendo assim uma diversidade de referências.

1 comentário:

Mónica disse...

Dreamlu, obrigadinha pela informaçao deste post. Tens um premio no meu blog para ti. Beijinhos :) e boa semana.