PARA QUE NÃO ACONTEÇA...
Ensinaram-me as coisas importantes,
Que afinal o não eram.
Acumularam-me de conhecimentos,
De que ainda me liberto.
Ditaram-me nos cadernos de duas linhas,
Os exemplos que procuro não seguir.
Fizeram-me ler as histórias de santos, sábios e heróis,
Que eu não quero ser nem imitar.
Aprendi a geografia dos comboios,
Para viver na era dos aviões.
Soube de cor todas as constelações,
Que hoje se escondem no fumo das cidades.
Ensinaram-me a pescar nos rios e regatos,
Em que bóiam as garrafas de plástico.
Quando eu sabia tudo,
Atiraram-me para a vida, de que eu nada sabia
E onde era tudo ao contrário, do que aprendera.
Habituei-me a raciocinar pelo contrário.
Não era infeliz, era desarmado
E tive, de aprender de novo,
Tudo o que não me haviam ensinado
E que eu quereria não ter aprendido.
De:
Jacinto Magalhães
In "Entre Mim e o Outro"
Jacinto Magalhães
In "Entre Mim e o Outro"
1 comentário:
Interessante e verdadeiro.
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