Ir ao W.C: pressão dos pais pode atrapalhar...
A ansiedade dos pais com relação a retirada das fraldas da criança pode ser encarada, pelo mesma, como uma tentativa de pressioná-la e isso, geralmente, causa um retrocesso no processo. O melhor é não pressionar, pois quanto mais se exige da criança, mais fixada ela fica nesta fase, não conseguindo fazer a transição.
Quando os pais sabem quais os horários em que a criança costuma fazer as suas necessidades,é mais fácil para deixá-la mais à vontade para usar o bacio (ou redutor), além disso, uma boa conversa ajuda muito.
"Deve-se enfocar as vantagens da utilização do bacio. Sem a colaboração da criança, fica impossível. É preciso estimulá-la a perceber que este é um passo importante para ela", avalia a psicoterapeuta infantil e terapeuta familiar, dra. Anelise Sandoval Scapaticci.
Fisiológicamente, a criança já está preparada para deixar as fraldas, mas o aspecto emocional deve ser trabalhado, pois ainda é considerada um bebé e, ao mesmo tempo, está entrando na meninice. "Ela quer as vantagens das duas etapas. Falar com carinho e paciência ajuda muito ao invés de bombardeá-la com pressões. Até então, existia um tratamento permissivo - as fezes eram feitas nas fraldas, agora os pais impõem regras e são vistos como pessoas que proíbem, impõem limites", detalha a terapeuta.
A criança tenta conciliar o amor que sente pelos pais e o ódio por estes imporem limites. Sente vontade de bater nos pais, porém, teme que façam o mesmo com ela. Fazer as fezes nas calças pode representar a agressão aos pais, por isso, deve-se evitar usar braço de ferro com a criança para que ela utilize o bacio.
Abandono da Fralda...
A partir de um ano e meio de idade, mais ou menos, muitas crianças tendem a abandonar gradualmente as fraldas. Nesta fase é importante que os pais passem a ensiná-la a utilizar o bacio para que adquira este novo hábito.
Há fases em que mesmo as crianças acostumadas ao bacio são acometidas com as chamadas regressões repentinas, voltando a fazer xixi ou as fezes nas fraldas ou roupas. Na verdade, muitas vezes a criança acha aí uma forma de chamar atenção, devido a chegada de um irmãozinho. Nesse caso, a paciência e o estímulo dos pais são altamente benéficos, porém, somente a partir dos cinco anos de idade é que a criança estará mais atenta com a questão da higiene pessoal. Nesta fase, o cuidado dos pais é imprescindível.
O ideal é que os pais, sempre que possível, lavem os genitais dos pequenos com água e sabonete, após urinar ou defecar. Na fase da adaptação ao bacio é bom que os pais deixem a criança à vontade para, até mesmo, utilizar a retrete se a criança assim o desejar.
É comum também que a criança se esqueça ou não tenha tempo de correr até o bacio. Quando isso ocorre, as fezes ou xixi é feito mesmo na roupa . Mas nada de se irritar ou ralhar, porque isso é super normal. Depois da utilização do bacio, o mesmo deve ser limpo com produtos utilizados para limpeza do w.c..
Escolha sempre um papel higiénico macio e fofinho, que não irrite os órgãos genitais da criança. É importante manter o piso do banheiro sempre seco para evitar que a criança caia. Conservar as unhas do seu filho (a) aparadas, ajuda bastante na higiene porque evita o acúmulo de resíduos fecais. Lembre-se sempre de lavar as mãozinhas da criança, hábito que evita qualquer tipo de contaminação.
Deixar as fraldas
Para os pais é um grande alívio e, para a criança, a descoberta da capacidade de produção. É assim a transição da fralda para o bacio. Muitos pais devem se perguntar qual a relação entre a criatividade infantil com o acto de defecar. É simples. As fezes representam para a criança a manifestação de sua presença no mundo, a capacidade de produzir algo, de criar. Neste período, conhecido como fase anal, o incentivo dos pais é extremamente importante. De acordo com a psicoterapeuta infantil e terapeuta familiar, dra. Anelise Sandoval Scapaticci, até o segundo ano de vida a criança não tinha um contacto tão frequente com o conteúdo que sai dela, ou seja, as fezes. Isso ocorre porque a fralda age como um vínculo.
De repente, perceber que ela produz "aquilo" pode ser, num primeiro momento, assustador para a criança. "Muitas crianças ficam assustadas, no início, com o barulho das fezes a sairem, pois não tinham consciência disso. As fezes representam muito para ela e estão relacionadas com o seu mundo interno. É nesta fase que a criança percebe que tem algo dentro dela, uma produção intensa e fica impressionada com isso", detalha a terapeuta.
Quando a criança passa a ter a consciência que produz as fezes, é como se estivesse a marcar a sua presença no mundo e encara esse acto como a capacidade de produção, criação. Os pais devem valorizar isso, caso contrário, de acordo com a psicoterapeuta, a criança sentirá aversão e ficará amedrontada, prejudicando-a.
Nesta fase também é comum que as crianças tenham curiosidade à respeito do nascimento dos bebés e normalmente pensem que isso está vinculado ao acto de defecar. " Essa é uma das teorias que delas , quando percebem que são produtivas, um momento de grande prazer". Os pais devem aceitar isso como algo bom, pois é o momento lúdico. O susto pode vir primeiro, mas o prazer de se sentir produtivo leva a criança a gostar de fazer suas necessidades no bacio.
Dicas - Os pais devem transformar este gesto num momento de descoberta para a criança.
- No caso de meninos, deve-se ensinar a levantar a tampa e direcionar o pénis. Quando for defecar, ensine-o a abaixar as calças, subir na retrete e limpar-se. Fique sempre perto e explique pausadamente, com tranquilidade. É importante lembrar que a criança só aprenderá a se limpar sozinha por volta dos quatro anos de idade.
- Se a criança quiser descarregar o autoclismo não hesite. Será parte da aprendizagem. Não esqueça de ensiná-la a lavar as mãos.
- É importante que a criança seja orientada da mesma forma na creche e em casa!!!
- Deixar a criança com fraldas ou calças sujas NÃO ajuda para que ela aprenda mais rapidamente a controlar as eliminações.