segunda-feira, 15 de junho de 2009

À flor da pele
Texto: Paulo Oom
17 Março 2009

Image Poucas sensações são tão suaves como uma festa na pele de um bebé. Para muitos pais, este é mesmo um indicador do estado de saúde do filho.


Apesar dos esforços e de toda a boa vontade, há ocasiões em que a pele sofre alterações que preocupam os pais e que os levam a procurar saber como actuar.

DERMATITE SEBORREICA («CROSTA»)

A dermatite seborreica é mais conhecida dos pais pelo termo popular de «crosta láctea». Manifesta-se pelo aparecimento de escamas pequenas e amareladas que atingem principalmente a cabeça do bebé, mas que podem também existir sobre as sobrancelhas e mesmo nas pregas das orelhas.

Na maior parte dos casos, o bebé nada manifesta nos primeiros dias ou mesmo meses de vida. Mas, a certa altura, começam a aparecer no couro cabeludo umas escamazinhas amareladas que tornam a aparência do bebé muito menos agradável. Pior que isso, a lavagem da cabeça com o sabonete líquido ou mesmo um champô para bebés nada resolve e as escamas amareladas persistem dias a fio, muitas vezes até aos seis meses.

A principal coisa que os pais devem saber é que estas escamas nada têm de mal, só mesmo o seu aspecto.
A segunda coisa a saber é que a forma de se livrar delas também é fácil. Nalguns casos, basta a aplicação de um óleo ou vaselina para amolecer as crostas que depois saem no banho em poucos dias. Noutros casos, é necessária a aplicação de um creme especial que se compra nas farmácias e que, aplicado todos os dias, vai dissolver as crostas lentamente até desaparecerem por completo.

ECZEMA INFANTIL (ECZEMA ATÓPICO OU DERMATITE ATÓPICA)

A palavra eczema tem um significado muito vasto e quer dizer que existem zonas da pele que estão irritadas, ou seja, vermelhas, o que provoca muita comichão. Existem muitos eczemas, mas aquele de que vamos falar é o chamado «eczema infantil», que aparece nas crianças mais pequenas, muitas vezes poucos meses após o nascimento. Em 80 por cento dos casos, manifesta-se durante o primeiro ano de vida, e praticamente sempre antes dos cinco anos.

Em Portugal, estima-se que dez por cento das crianças sejam atingidas por esta patologia, mas, desta percentagem, apenas um a dois por cento das crianças sofre de queixas graves. Muitas pessoas também lhe chamam «eczema atópico» ou «dermatite atópica», mas a palavra «atópico» só deve ser usada quando a causa do eczema é uma alergia, o que nem sempre se consegue provar. O eczema surge em algumas crianças que têm a pele mais sensível e nem sempre significa alergia. Na realidade, muitas destas crianças que realizam testes de alergia obtêm resultados negativos. A hipótese de ser de causa alérgica é maior se um ou ambos os pais também tiverem algum tipo de alergia.

É um problema muito frequente e que incomoda muito as crianças e os pais. A criança com eczema infantil apresenta uma pele avermelhada, seca e tem muita comichão, o que faz com que esteja muitas vezes a chorar.
No início, a pele mais atingida é a da face, incluindo as bochechas e a testa. Mas, com o evoluir do tempo, pode afectar também todas as zonas onde existem pregas, como o pescoço, os braços e as pernas.

A tendência é para o problema melhorar à medida que a criança cresce e, em 90 por cento dos casos, desaparece até aos cinco ou seis anos de idade. Mas algumas crianças podem manter estas queixas até à adolescência, ou mesmo a idade adulta.

Algumas atitudes práticas podem ajudar a minimizar a situação:

1 - Não dar banho com demasiada frequência, com muito sabão ou esfregando muito a pele. Pelo contrário, o banho deve ser rápido, sem muito sabão e com água morna e é sempre preferível o duche ao banho de imersão.
2 - Aplicar com regularidade creme ou óleo hidratante, de preferência logo após o banho, com a pele ainda húmida.
3 - Evitar loções ou perfumes com álcool, pois ajudam a secar a pele do bebé.
4 - Não vestir roupas de lã ou fibra a crianças pequenas. A roupa deve ser 100% de algodão.
5 - Não expor as crianças a muito calor ou muito frio.
6 - Manter as unhas da criança bem cortadas para que a criança não arranhe a pele se tiver comichão nas zonas mais irritadas.
7 - Se existe uma causa alérgica, evitar o contacto da criança com aquilo que lhe provoca a irritação da pele, seja o pó, os ácaros ou alguns alimentos.
8 - Pode ser necessário o uso de um antihistamínico para aliviar a comichão.
9 - Os cremes com corticóides são de evitar e devem ser sempre usados apenas quando recomendados pelo médico.

URTICÁRIA

A urticária corresponde a uma reacção alérgica que se manifesta na pele pelo aparecimento súbito de grandes manchas avermelhadas que assustam imediatamente os pais. A criança sente-se desconfortável e queixa-se habitualmente de muita comichão. Nos casos mais graves, estas manchas podem ser acompanhadas por outras queixas, principalmente respiratórias, como pieira ou falta de ar.

As suas causas podem ser variadas, mas os implicados são geralmente um alimento, um medicamento ou uma picada de insecto. A urticária deve ser tratada com vigor para não deixar que a reacção alérgica se estenda e progrida com resultados perigosos para a saúde da criança. O tratamento deve ser sempre orientado por um médico e pode incluir, entre outros, a utilização de um anti-histamínico e de corticóides.

IMPÉTIGO

Os médicos dão o nome de «impétigo» a uma infecção da pele. Esta infecção surge habitualmente como consequência de alguma lesão já existente na pele, como por exemplo uma ferida, que infecta se não for cuidadosamente desinfectada. Noutros casos, a pele está doente, como acontece no eczema infantil, na varicela ou na sarna, situações em que a criança coça a pele. Ao coçar, vai ferir a pele e as bactérias aproveitam e provocam a infecção.

A infecção começa geralmente por umas pequeninas bolhas que rapidamente rebentam sendo cobertas por crostas amareladas. Como estas lesões também provocam comichão, a criança coça as zonas infectadas e, ao passar a mão por outras zonas do corpo, vai passando a infecção de zona para zona, contribuindo para alastrar a doença.
Estas situações são habitualmente pouco importantes, mas se não forem tratadas e evoluírem podem ter consequências graves.

Logo desde o início, as zonas infectadas devem ser desinfectadas com desinfectantes adequados. Um banho com água morna pode ajudar a amolecer as crostas, que depois podem ser removidas com cuidado, passando uma toalha. É necessário utilizar um antibiótico em forma de pomada que deve ser aplicado 2 a 3 vezes por dia. Nos casos mais graves, pode ser necessário dar um antibiótico em forma de xarope.

ACNE

Se os problemas de pele nas crianças mais pequenas incomodam principalmente os pais, na adolescência o acne constitui para muitos jovens uma verdadeira tortura. Não existem ídolos do cinema ou da canção cheios de borbulhas e a imagem que qualquer adolescente quer transmitir de si mesmo inclui tudo menos uma pele com acne. Pelas suas possíveis consequências, principalmente psicológicas, o acne não deve ser desvalorizado, mas, pelo contrário, tratado com vigor.
O adolescente com acne apresenta uma pele oleosa e brilhante onde abundam bactérias que são as responsáveis pelo aparecimento dos «pontos negros» e das «borbulhas» vermelhas que podem ficar cheias de pus, principalmente se forem espremidas.

O tratamento é difícil, mas possível. Em último caso, pode sempre ser atenuado, permitindo que o adolescente leve uma vida normal sem sentir necessidade de se isolar por considerar o seu aspecto repugnante.
O tratamento é realizado com a ajuda de medicamentos locais, que se aplicam directamente sobre a pele, ou gerais, como comprimidos, e deve sempre ser orientado por um especialista.

EM CONCLUSÃO

A pele do bebé e da criança deve ser estimada e tratada com todo o cuidado. Apesar de muitos pais fazerem o que acham ser melhor para a pele dos seus filhos, muitas vezes as atitudes não são as mais correctas. Como vimos, apesar de todos os cuidados, podem surgir problemas e as medidas para os resolver são, regra geral, muito simples. No outro extremo da Pediatria, o adolescente pode também necessitar de cuidados especiais com a sua pele. O Pediatra está apto a resolver todas estas situações e, nos casos mais graves, pode sempre contar com a ajuda de um dermatologista.


Retirado daqui

1 comentário:

Teresa Carneiro disse...

excelentes dicas!
parabens!!bjs de luz